quinta-feira, 31 de maio de 2012

Crime individual com conta coletiva


Praticado sobretudo durante as férias de verão, o abandono de animais  traz sérios riscos para as cidades e transfere a responsabilidade de poucos para toda a sociedade


Por Tulla Velho


O abandono de animais é uma triste e comum realidade dos grandes centros urbanos. Só na cidade de São Paulo estima-se cerca de 100 mil cães e gatos que vivem nas ruas. Segundo dados do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), o índice de abandono no período de férias de verão, entre dezembro e janeiro, cresce 30%. Isso acontece porque os donos vão viajar e não procuram uma alternativa para seus animais de estimação. Além de viagens, também existe o problema de adaptação quando, por exemplo, a família muda-se de uma casa para um apartamento menor. É comum os donos deixarem o animal na antiga casa e irem embora.

Uma fonte que não quis se identificar contou que já abandonou um cachorro “por ele não ter se tornado um bom cão de guarda”. O temperamento dócil do animal era o oposto do que o ex-dono procurava quando o comprou. Outra fonte que também não quis ser identificada disse que "por não ter mais tempo de cuidar e nem de procurar uma ONG ou instituição" abandonou seu gato de nove anos de idade na rua.

A idade do animal também é um problema. Muita gente abandona seus pets quando eles ficam velhinhos e além de não servirem mais para cuidar da casa, começam a dar problemas, como os de saúde. Em geral, o grande motivo de abandono é a posse irresponsável, que acontece quando alguém decide adotar ou comprar um animal e desconhece o trabalho que ele exige como alimentação, tempo, cuidados com higiene, custos veterinários, além de carinho e dedicação.

Essa realidade atinge de forma direta todo e qualquer cidadão, inclusive os que não têm nem querem ter um animal de estimação. É uma questão de saúde e segurança pública com a qual as cidades têm de lidar diariamente. Diversas doenças como toxoplasmose, leptospirose, larvas migrans (popularmente conhecidas como "bicho geográfico"), são transmitidas através de animais infectados. É necessário um trabalho contínuo dos Centros de Controle de Zoonoses para efetivamente "controlar" essas doenças. Sem falar as questões de segurança. O CCZ registra anualmente 15 mil atendimentos por mordeduras ou arranhaduras nas redes públicas de hospitais. Muitos dos animais que estão jogados nas ruas também causam inúmeros acidentes de trânsito e atropelamentos.

Anjos-da-guarda

sac: http://sac.prodam.sp.gov.br/
bo: http://www.ssp.sp.gov.br/bo
Abandonar um animal, por qualquer motivo, é crime previsto na Lei Federal Nº 9.605, a “Lei dos Crimes Ambientais. Em seu artigo 32, a lei diz que: "praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos" pode acarretar pena de três meses a um ano de prisão e multa, aumentada de um sexto a um terço se ocorrer morte do animal.

Se existem pessoas capazes de abandonar animais, do outro lado existem as que zelam pelo bem estar deles. Os chamados "protetores independentes" são pessoas que, sem apoio de instituições, alimentam, medicam, procuram futuros lares pros animais e até os recolhem para dar abrigo em suas próprias casas. "A gente é consequência dos que abandonam" conta a psicóloga Rita Duarte, que cuida de gatos nas ruas de Santos e atualmente possui 17 dentro de casa. Ela explica que alimenta os gatos adultos e saudáveis criados nas ruas, mas os que ainda são filhotes, acaba levando para casa por medo do que possa acontecer, e depois que se apega não consegue encaminhar para adoção. "Geralmente, a gente não escolhe ter essa quantidade de animais, mas as pessoas sabem que temos dez, então abandonam mais uma ninhada de cinco na sua porta, porque sabem que nós não conseguimos nos omitir diante dessa situação."

Comum realidade: cão sem dono dorme em rua de São Paulo (foto: reprodução)
Rita também cita o caso de um morador de rua que, ao começar a dividir sua própria comida com alguns gatos da região, agora encontra-se cheio de animais, muitos deles deixados por pessoas que têm um bom padrão de vida. Para a psicóloga, o descaso é grande e falta foco a essas pessoas que não castram e abandonam, repassando seus problemas para pessoas como ela.“Tudo isso é consequência da arrogância do ser humano em se sentir superior a qualquer ser vivo, como se o outro não sentisse dor, não sentisse as mesmas coisas que a gente sente".

 
Jogar um animal na rua nunca deve ser uma opção. Se a decisão de se desfazer do bichinho for realmente tomada, independente do motivo,  a doação é a melhor saída. Existem diversos sites como o Cachorro Perdido que, além de divulgar anúncios de animais perdidos (como já diz o nome), também veicula anúncios de animais para doação. Fotos, compartilhamentos em redes sociais, cartazes espalhados em clínicas veterinárias, pet shops, classificados em jornais, tudo isso auxilia no processo de busca de um novo dono. Além de evitar ainda mais problemas pra cidade, evita também o sofrimento desses animais, que têm como destino fome, frio, maus tratos, doenças, mortes e sacrifícios.



Os profissionais das cores


Os segredos das paletas de publicitários que também se dedicam à pintura, ao cartoon e aos quadrinhos

 
Por Julia Santilli

Acostumados a receber diariamente uma enxurrada de informações pelas mais diferentes vias, os cidadãos modernos raramente se dão conta do papel que cores desempenham nos processos de comunicação. Para os profissionais da publicidade e das artes plásticas, elas são ferramentas estratégicas.  “As cores são fundamentais para quem trabalha com comunicação visual, elas dão vida ao trabalho”,  afirma Higor Liberali, cartunista e ilustrador desde os 12 anos.  Hoje se sabe que as cores podem influenciar até mesmo o estado de espírito de uma pessoa.

Paulo Argollo, redator publicitário, observa que as cores estão presentes em todos os gêneros e manifestações artísticas. “Acredito que o artista em geral faz uso das cores de inúmeras maneiras. Seja pintando uma tela como O Grito, do Edvard Munch, seja colocando-a em uma letra de música, como fez Toquinho na bela canção Aquarela, ou mesmo no cinema, como é o caso do longa O Troco, todo filmado com filtros azuis”. ”Além disso”, diz Paulo, “as cores estão em anúncios publicitários e em logomarcas, como a da Coca-Cola, que abusa do vermelho pra dar mais sede. A frase “Uma Imagem vale mais do que mil palavras.” só se faz verdadeira porque existem as cores”, completa o publicitário.  

Higor Liberali, que começou com as HQ’s (Histórias em Quadrinhos) de Super Heróis e depois partiu para outros estilos como a charge, tirinhas e caricaturas, diz ter preferências por tons mais escuros. “Estou colorindo meus desenhos a pouco mais de um ano, sempre gostei de trabalhar com o preto e tons de cinza (Nanquim e Grafite). Hoje elas (as cores) fazem parte da maioria dos meus trabalhos. Nós, humanos, somos privilegiados por poder distinguir cores. Acho que por isso estou colorindo”, diz o artista, que confessa ter ainda “grande amor” pelo preto e tons de cinza e, claro, pelo chamado estilo "Noir".


Arte X Publicidade
Tanto para Higor quanto para Paulo, na publicidade as cores são usadas de forma racional. “Em trabalhos publicitários sigo a Psicologia das Cores (veja o box). Agora, quando vou pintar um trabalho meu, fico livre na escolha de cores. Uma vez ou outra já tenho seu uso pré-determinado em minha mente, por exemplo: se criei um personagem que sei que vai ser verde. Mas acaba sendo muito mais instintivo. Não penso nisso. Simplesmente a cor pinta na mente”, explica Higor.

Fonte: www.hldesenhos.blogspot.com

“Na publicidade, uso as cores de forma racional, milimetricamente pensada. É o vermelho que deixa o espectador em estado de alerta, junto com o amarelo que é uma cor que “grita” para fazer um anúncio do tipo “varejo”, mega promoção por tempo limitado e etc. Já nas artes, sempre fui muito intuitivo e visceral. Sempre usei as cores sem pensar. Olhando para os quadros que já pintei, hoje consigo dizer se, naquele tempo, estava numa fase tranquila, conturbada, feliz, angustiado...”, explica Paulo.

Criatividade
As cores do ambiente de trabalho também influenciam no processo criativo. “Não vejo como trabalhar em um ambiente sem cores, acredito que as cores são fonte de criatividade. Eu mesmo gosto de trabalhar de frente para uma janela, a natureza tem as cores mais lindas.”, afirma Higor. Já Paulo não dispõe da mesma sorte. “Infelizmente, meu ambiente de trabalho não conta com cores que agucem a criatividade como um laranja ou amarelo. Trabalho numa sala de paredes brancas, na pior das hipóteses, ajuda a dar sono nas manhãs de tédio. Em compensação, a logo da agência onde trabalho é amarela. Porque remete justamente à criatividade e à inovação.”


A Psicologia das Cores
AZUL: Possui grande poder de atração; é neutralizante nas inquietações do ser humano; acalma o indivíduo e seu sistema circulatório. Indicado em anúncios que caracterizem o frio.
ROXO: Acalma o sistema nervoso. Deve ser utilizado em anúncios de artigos religiosos, em viaturas, acessórios funerários etc. Para dar a essa cor maior sensação de calor, deve-se acrescentar vermelho; de luminosidade, o amarelo; de calor, o laranja; de frio, o azul; de arejado, o verde.
PÚRPURA E OURO: Cores representativas do valor e dignidade. Devem ser aplicadas em anúncios de artigos de luxo.
MARROM: Esconde muito a qualidade e o valor. Pouco recomendável em publicidade.
VIOLETA: Entristece o ser humano, não sendo, portanto, muito bem visto na criação publicitária.
CINZA: Indica discrição. Para atitudes neutras e diplomáticas é muito utilizado em publicidade.
PRETO: Deve ser evitado o excesso em publicações a cores, pois tende a gerar frustração. Porém, quando aliado ao prateado ou dourado, remete a luxo e requinte.
AZUL E BRANCO: Estimulante, predispõe à simpatia; oferece uma sensação de paz para produtos e serviços que precisam demonstrar sua segurança e estabilidade.
AZUL E VERMELHO: Estimulante da espiritualidade; combinação delicada e de maior eficácia na publicidade.
AZUL E PRETO: Sensação de antipatia; deixa o indivíduo preocupado; desvaloriza completamente a mensagem publicitária e é contraproducente.
VERMELHO E VERDE: Estimulante, mas de pouca eficácia publicitária. Geralmente se usa essa combinação para publicidade rural.
VERMELHO E AMARELO: Estimulante e eficaz em publicidade. Por outro lado as pesquisas indicam que pode causar opressão em certas pessoas, e insatisfação em outras.
AMARELO E VERDE: Produz atitude passiva em muitas pessoas, sendo ineficaz em publicidade. Poderá resultar eficaz se houver mais detalhes coloridos na peça.

Fontes:
Higor Liberali é design publicitário, cartunista e professor de desenho.
Paulo Argollo é redator publicitário da Brambilla Comunicação.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Quase Estrelas

A difícil trajetória dos jogadores de futebol que não alcançaram os grandes clubes e os salários milionários


Por João Paulo Mendes
 

No Brasil, onde o futebol é uma grande paixão, vários garotos sonham se tornar grandes astros deste esporte, alcançando riqueza, fama e reconhecimento. Um trecho da música "É Uma Partida de Futebol" da banda Skank descreve muito bem isso "... Bola na rede pra fazer um gol. Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?...". Porém, essa trajetória é cheia de incertezas, dificuldades e desafios. Na maioria dos casos, eles não se tornam estrelas e nem ser quer chegam a ser jogadores profissionais.
 Tudo começa nas escolas de futebol, lugar em que, normalmente, se aprendem os fundamentos básicos do esporte. Segundo Bruno César Pereira Leonel, coordenador de uma das escolinhas Chute Inicial, que pertencem ao Corinthians, os garotos podem começar a jogar aos cinco anos de idade. A partir dos onze, os alunos que se destacam começam a ser levados para o clube, onde serão avaliados em testes, mais conhecidos como "peneiras".
 Quando são aprovados, passam a jogar pelo time, sendo divididos por faixa etária até chegar ao profissional. "Entre os treze e os dezessete anos, a gente vai ver se o garoto tem condições de se tornar um jogador profissional ou não. Muitos fazem parte das categorias de base, mas não estouram, não chegam a ser jogadores profissionais" diz Leonel.
 Na base, conforme o jogador fica mais velho, vai subindo de categoria, mas corre o risco de ser dispensado pelo clube, caso não esteja à altura dos demais atletas. "Ele precisa continuar se destacando. Existem as trocas de treinadores, por exemplo, o técnico do sub-13 não faz um bom trabalho, o ano que vem é substituído. Ele acaba mudando todo o elenco, mais ou menos o que ocorre nos times profissionais, isso também acontece nas categorias de base. Para o menino continuar, ele tem que se destacar! Precisa ter ajuda dos pais, ter uma boa estrutura familiar, montada para dar respaldo ao garoto" afirma o coordenador.
 Outra situação: um jogador do sub-15, quando completa dezesseis anos de idade, se aprovado, passa a pertencer ao sub-16 e assim por diante, até os vinte anos. Quando completa vinte e um e não é promovido à equipe profissional, se não houver algum outro projeto para jogadores acima de vinte anos, ele provavelmente será dispensado pelo clube. Então, terá que procurar outra equipe ou desistir da carreira.
 "O futebol é difícil mesmo. Por causa da quantidade de gente. Principalmente, nos grandes centros, São Paulo, Rio de Janeiro... Vêm pessoas do Brasil inteiro para fazer teste no Corinthians. O que eles veem na televisão, os jogadores que deram certo, é uma minoria perto da quantidade de pessoas que tentam e querem seguir a carreira" diz Leonel, e complementa: "Eu costumo dizer que virar jogador é que nem ganhar na loteria!".
 Sucesso distante. Vários tentaram seguir a carreira futebolística e não alcançaram o sucesso. Cada história tem suas peculiaridades, mas, normalmente, o objetivo do garoto é sempre o mesmo: conquistar uma vaga de titular num time de grande expressão nacional, chegar à seleção, posteriormente, brilhar nos gramados das equipes europeias e, quem sabe, ser eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo. 
O mecânico Anderson de Oliveira Cunha, 33, é um deles. Dos treze aos dezoito anos, jogou na base da Portuguesa, mas foi dispensado. "Jogar no juvenil é mais fácil, o grande problema é conseguir ir para o profissional. Quase não tem oportunidades, há muita concorrência para poucas vagas, isso quando existe vaga" afirma Anderson, que fez outros testes e jogou em clubes pequenos. "A vida do jogador que não consegue oportunidade nos grandes times é complicada. Vivemos numa constante incerteza. O salário é pequeno, muitas vezes, trabalhamos em outros empregos para complementar a renda. Eu desisti da carreira para estudar, ter uma profissão garantida, pois o futebol dura pouco", diz o mecânico que, mesmo quando era jogador, já consertava carros em busca de uma renda melhor.
Mais um a tentar a sorte no futebol, o comerciante Rodney Santos Cavalcante, 31, sempre sonhou em jogar num time grande de São Paulo e vestir a camisa da seleção brasileira. Foi juvenil no Americano e depois na Ponte Preta, não chegou ao profissional do clube, mas ainda tentou jogar no exterior, antes de abandonar a carreira. "Fiz vários testes em Portugal, queria tentar, mas achei mais difícil do que aqui no Brasil. Lá, sem nenhum apoio, longe de casa e da minha família, vivendo na solidão e pagando aluguel, tudo se torna mais complicado" diz Rodney. Ele afirma que existem vários brasileiros levados por empresários tentando uma oportunidade na Europa, alguns vivendo em situações precárias.
Para o ex-jogador Gilson Robério de Sousa, 36, o futebol é uma grande ilusão. Ele jogou nas categorias de base do Náutico, mas, como muitos outros, não foi para o profissional e teve que procurar outro time para dar sequência à carreira. "Joguei em várias equipes, tentando aparecer para o mercado dos clubes grandes. Como muitos colegas, não tive sucesso. Nos times pequenos não há estrutura e muito menos a glória que é mostrada na mídia, você acaba indo de um time para o outro, e na maioria das vezes, não dá em nada" diz o ex-jogador. Diferente das estrelas que ganham salários astronômicos, ele afirma que já chegou a ganhar R$ 900,00 por mês como jogador.
O esporte que mexe com a imaginação, a emoção e o humor da população, não só no Brasil, mas em todo o mundo, capaz de parar um país nem que seja por um instante e fazer o povo esquecer todos os seus problemas, é aquele que também proporciona uma carreira inconstante para boa parte dos que tentam nela ingressar. Pois, ao contrário do que normalmente é mostrado na mídia, são pouquíssimos que alcançam o estrelato, os grandes contratos com salários milionários e o reconhecimento por parte do público. Uma modalidade esportiva muito generosa com alguns, mas implacável com a maioria: assim é o futebol.
























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Coisa de fêmea

 Mulheres se divertem aderindo a hobbies tidos como masculinos

Por Patrícia Pessoa

No campo profissional, as mulheres já provaram que podem ter um desempenho tão bom quanto a dos homens. Agora, elas também querem se divertir como eles, e resolveram invadir redutos de lazer tidos como masculinos. É o caso de motociclistas, que deixaram de lado a garupa para acelerar, ou das mulheres que praticam artes marciais e até pescaria. 

De mera companhia, a mulher passou a estar inserida no universo predominantemente masculino como igual. 

Segundo sociólogo, que não quis se identificar “a história explica o modo pelo qual as mulheres travam uma batalha para se igualar”. Para a psicologia o fenômeno faz parte da busca pelo autoconhecimento. 

“Sempre gostei de assistir UFC (Ultimate Fight Champship), e achava muito show a Gina Garano lutando” diz Luciane Ribeiro, que começou a treinar Muay Thai por questões estéticas. Ela diz que, com o treinamento, aprendeu a ser uma pessoa mais regrada, centrada e determinada. 

Uma das dificuldades enfrentadas por Luciane foi o fato de treinar com homens. “Eles acabam se segurando para não machucar, impossibilitando uma luta de igual para igual”, lamenta ela. 

O Muay Thai é uma arte de defesa originária da Tailândia, aprimorada ao longo dos anos, e hoje muito praticada na atualidade por mulheres que buscam o condicionamento físico e o equilíbrio. “As mulheres tem mais facilidade de assimilar os movimentos e são mais centradas, por exemplo, se eu peço para girar o quadril, ela aprende rapidamente, já o homem demora mais tempo para realizar o movimento corretamente” diz o instrutor Leandro Caio, da equipe Bazéba.



“O Muay Thai é uma paixão, como muitos são apaixonados por voley, futebol , eu sou apaixonada por Muay Thai”. Luciane Ribeiro.

Um hobbie menos radical, mas tradicionalmente visto como masculina é a pescaria. “Geralmente elas são mais caprichosas que os homens no seu arsenal e desenvolvem habilidades pertinentes à prática, como o conhecimento no manuseio do equipamento que é estudado em revistas pertinentes a prática”, relata o pescador Edson Piovesan.

Elas não se incomodam de estar em meio a tantos homens, gostam de se aventurar por locais selvagens e rivalizam com os parceiros em busca do maior peixe, vangloriando-se, tal como eles, pelas suas lutas memoráveis. 

Maria de Fátima é um grande exemplo de paixão por este hobbie. “Comecei acompanhando meu marido e acabei me entregando à prática. Essa mudança de hábito trouxe uma singularidade para minha vida, a pescaria é um momento único de lazer, de sair da agitação da cidade e da rotina do dia-a-dia”, resume Fátima. 

Ao contrário de Fátima, algumas mulheres preferem como hobbie a adrenalina das motocicletas. O grupo conhecido como Ladies Off Harley é a versão cor-de-rosa dos amantes da Harley Davidson. A ideia é a mesma: pegar suas motocas e cair na estrada. Só que as meninas deixaram as garupas e partiram para a linha de frente. 

“Os pontos de encontro ainda têm predominância masculina, mas a mulherada está chegando...”. “Uma das dificuldades enfrentadas é o peso da moto, que facilita as quedas. Porém, como andam em grupos, elas se ajudam para levantar e prosseguir a viagem”, diz participante do grupo que não quis se identificar. 

Seja pela paixão, pelo condicionamento físico, estética ou mesmo pela companhia, as mulheres estão rompendo as últimas fronteiras do universo masculino.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Andando fora da lei

Multa prevista para quem altera características dos veículos é de R$ 127,69 e 5 pontos na carteira de habilitação, mas muitos acham que vale a pena

Por Aline Marques

 Foto: arquivo pessoal - fonte anônima

Para realizar o sonho de ter um veículo absolutamente diferenciado muitas vezes após anos de economia, motoristas ousam as mais variadas alterações em seus carros, desde a suspensão do veículo, modificação na potência do motor e a inclusão de acessórios (som automotivo, iluminação, roda e etc). Há décadas, oficinas atuam no ramo dos carros modificados, mas não se responsabilizam por qualquer infração causada pelos serviços executados às leis de trânsito.


Para modificar um veículo, o proprietário deve solicitar autorização ao Detran, que pode ser feita por ele ou por intermédio de algum “especialista” na área, como por exemplo um despachante. “Após a autorização do Detran, o veículo modificado tem que passar por uma instituição técnica e licenciada para fazer uma inspeção veicular e emitir um certificado de segurança veicular (CSV). Com ele, o proprietário volta ao Detran para alterar o documento do veículo e fazer constar a modificação realizada” explica o capitão do comando da polícia militar de trânsito de São Paulo, Julyver M. de Araújo.


Segundo o Código Nacional de Trânsito, rodar em veículos alterados sem a documentação necessária acarreta multa de R$ 127,69 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).


Condutores que optam por andar fora da lei estão vulneráveis a prejuízos financeiros. “Tento sempre andar despercebido, escolhendo rotas alternativas em que sei que dificilmente irei me deparar com policiais ou blitz”, diz condutor um que não quis se identificar.


Ricardo Madri Filho, cliente da oficina de preparação de motores Motorfort, proprietário de um veículo legalizado, foi informado que a não legalização acarretaria até na desvalorização do carro. “Para mim não tem preço que pague, pagaria até o dobro para ter de novo... é um hobby que gosto muito. Se eu for vender um dia, vou vender o carro do jeito que está. Agora, se for necessário desmontar, farei uma nova perícia para tirar do documento e mostrar que eu voltei o carro ao original".


"Eu acredito que a maioria dos meus clientes gostaria de ter um carro para arrancada (competições legalmente autorizadas, em locais apropriados) e acabaria abandonando os carros preparados para a rua, que atualmente representam 95 % dos meus clientes”, diz Rafael M. Palhuca, dono da oficina Motorfort.


O custo para a prática do esporte restringe o público. Para legalização do veículo depende da modificação desejada, o Conselho Nacional de Trânsito traz uma tabela de modificações que são permitidas e para cada alteração é um valor.


Segundo a opinião do Dr. Maurício Januzzi, advogado especializado em trânsito e presidente da comissão do sistema viário da OAB-SP, “às vezes as pessoas nem sabem que estão andando na ilegalidade (...) O que falta para o trânsito melhorar é a educação em primeiro lugar, dar conhecimento a todas as pessoas sobre o que podem, o que não podem fazer..."


Na opinião da fonte, motorista com carro modificado que não quis se identificar, existem empecilhos para a legalização. “Com certeza optaria pela legalização, até porque gastaria menos, mas sei que as seguradoras não aceitariam. Desta forma, optei por uma suspensão mais cara que é regulável a ar onde posso “subir” o carro rapidamente caso me depare com a polícia”.


Procurados pela reportagem, corretores de seguros e seguradoras não se posicionaram, evitando dar a opinião sobre o assunto.












Oficinas


Os prestadores de serviços de customização de veículos apontam que estão dentro do que a lei permite. “Na realidade o serviço não é ilegal, o que é ilegal é você andar com o carro modificado...”, afirma Fábio Neves, supervisor da loja Drift Suspension.  

Juliano Barbosa, customizador da Dimension Custons, complementa: “Na verdade, se o cliente faz o processo correto, legalizando o documento junto ao Detran, ele não tem nada ilegal..."

Os profissionais que atuam no ramo, muitas vezes, começam como curiosos. “A gente nunca teve medo, audácia de fazer esse tipo de coisa. Na ocasião, a gente não tinha feito nenhum curso, nenhum treinamento, nada, sempre fomos muito autoditadas, acabou que formarmos uma cartela de clientes” diz Barbosa, da Dimension Custons.


Juliano soube de clientes que tiveram que vender seus carros à ferro velho, devido a falta de planejamento do projeto. “Ideia não tem preço, tudo dá para ser feito!. Mas eu não faço nada que não possa ser legalizado, isso é a minha obrigação...” Partindo de sua experiência e contando com ajuda de parceiros, antes da execução de um projeto, ele encaminha as ideias e confirma antes o que conseguirá ser feito dentro da norma legal.

De acordo com o Detran de São Paulo, é necessário emitir um novo CRV (Certificado de Registro de Veículo), com a alteração anotada no campo de observações do CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo). Ela poderá ser retirada quando o veículo voltar à situação anterior.


CARROS TUNADOS, EM OSASCO, SÃO MULTADOS
A prefeitura de Osasco está aplicando multas de R$ 6,4 mil em quem usa som acima de 70 decibéis

Foto: Michael Bazzarello - site autocustom
Preocupada com o aumento nas reclamações de perturbação sonora, causados pelos carros tunados (que possuem equipamentos de som mais potentes), a Secretaria de Segurança e Controle Urbano (SECONTRU) de Osasco, espalhou faixas pela cidade. As faixas foram colocadas com o objetivo de alertar o motorista sobre a vigência da Lei Complementar 206/11, que trata também da ordenação da poluição sonora na cidade.

Conforme a assessoria de imprensa do município, cerca de 150 veículos já foram autuados, sendo que cerca de 60 a 70% são de outras cidades.

Segundo Dr. Maurício Januzzi, advogado especializado em trânsito presidente da comissão do sistema viário da OAB-SP, o município não pode legislar sobre trânsito, uma vez que a competência é da união: “Na realidade é questionável sua legalidade sob o ponto de vista de versar sobre questões sonoras, questões do carro especificamente. O município pode legislar sobre questões sonoras, porém não pode falar do carro tunado especificamente".

Já o capitão do comando da polícia militar de trânsito, Julyver M. de Araújo, no código trânsito existe regulamentação específica, tanto para alteração característica quanto para som alto do veículo. “As cidades, entretanto, podem estabelecer regulamentação própria sobre poluição sonora e cada município tem a competência para estabelecer a sua”.

Conforme a assessoria do município de Osasco, cerca de 30% das queixas recebidas pela Ouvidoria da Prefeitura e também pelo número 156 são referentes a perturbação do sossego público.

As ações tomadas foram com o intuito educacional e instrutivo. Com a orientação e a fiscalização, já é possível perceber os resultados das operações, devido aos e-mails que chegam elogiando a atuação da Secretaria de Segurança e Controle Urbano (SECONTRU) e informando que os locais mais problemáticos melhoraram e estão mais silenciosos.




quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vovôs invadem a internet

Com o aumento da tecnologia, melhora na qualidade de vida e maior prosperidade, a terceira idade não quer mais saber de palavras cruzadas e surfa na rede digital

Por Audrye Rotta



Antigamente eram raros os usuários mais velhos na internet e nas redes sociais. Hoje é possível achar a geração de nossos pais, tios e até mesmo os avós usando a internet. Seja para se comunicar, ler jornais online, pagar contas ou até mesmo paquerar, a terceira idade está entrando com tudo no mundo virtual. Mostra disso são dados da comScore Brasil, que aponta que em 2009 o público sênior com acessos à internet era apenas 5%, já em 2011 esse índice chegou aos 7%.

A psicóloga Vera Belardi Neto, de 56 anos, esclarece o motivo pelo qual pessoas mais velhas estão se conectando. “Os idosos querem se atualizar e, de maneira geral, estão tentando acompanhar a tecnologia, sem deixar de lado o que vivenciaram. Então, se preocupam em fazer coisas que não fizeram quando eram mais jovens. Pensam em continuar a desfrutar das novidades para, assim, não se tornarem 'velhos' que não aceitam as mudanças e ficam para trás.”

Toda as pessoas arranjam um motivo para conhecer esse novo meio. O aposentado Arnaldo Lopes Bentivegna, de 84 anos é um usuário 'viciado' na rede virtual. “Tive que aprender a usar para fazer a declaração de imposto de renda há 3 anos. Hoje entro quase todos os dias para me comunicar com a minha neta e filha que moram em Londres há 5 anos, vejo meus e-mails, consulto bancos, leio jornais e estou conhecendo mais as redes sociais.” Com isso, ele passa horas a fio ligado na internet.

Já o empresário Cassio Hervé, de 57 anos passou a usar por necessidade, buscando agilidade nos negócios por meio do Marketing ­­Direto. “Eu vi o surgimento do fax, que era usado antigamente, era uma coisa de outro planeta pela rapidez. Já com a entrada da Internet, isso ficou ainda mais rápido, a troca de documentos, informações e propostas. A gente observou que esse processo potencializa a negociação, atingindo mais clientes e aumenta a venda. Tive que fazer um site da empresa, o ‘Jornal Oficina Brasil’, para continuar a competir no mercado”.

Seja por necessidade, negócios ou curiosidade, a terceira idade está conhecendo um novo mundo, que também está se adaptando a esse público. Ainda são raros os sites, comunidades nas redes sociais e blogs destinados à terceira idade.



 Incentivo Familiar


O medo faz parte da vida das pessoas. Assim como alguns têm medo de altura, há idosos com medo da internet. Por isso, é sempre bom que as pessoas ao redor, principalmente os familiares, estimulem os idosos a encarar novos desafios, aproveitar a oportunidade e conhecer essa tecnologia. “Tive o incentivo dos meus filhos que moram no interior de São Paulo. Eles sempre me falavam sobre a internet, que seria bacana se eu tivesse em casa. Há mais ou menos cinco anos resolvi comprar um computador. Meu neto me ajudou a instalar a internet, escolher o melhor plano e me inscrever no Skype. Agora posso me comunicar com os meus filhos, me aproximar mais dos acontecimentos no mundo todo, ganhar conhecimento e aprendizado” relata Osmar Nogueira, que aos 79 anos usufrui da internet apenas para seu próprio bem e, orgulhoso, completa: “(...) quando há encontro de família, sempre me elogiam por fazer parte do mundo virtual”.

Osmar ainda lembra a desconfiança de sua esposa. “À princípio ficou um pouco receosa sobre o funcionamento desse recurso, mas com uma explicação da minha família, ela entendeu que seria uma ajuda para eu ter mais contatos com meu filho e também com as notícias de maneira bem mais rápida”.

A família ainda pode auxiliar colocando letras maiores na resolução da tela, comprando mouse maior, adaptando o equipamento à sensibilidade e às necessidades dos mais velhos, deixando a experiência confortável, e não algo “medonho” e de outro mundo. Ajudar a tirar as dúvidas e comprar um computador apenas para os idosos também é uma atitude de incentivo a atividade, e vale a pena investir.




Faculdades particulares têm cursos de graça ou pela metade do preço

Com critérios de seleção flexíveis e bolsas integrais e parciais, instituições
disponibilizam cursos superiores de boa qualidade

Por Gisele Frauches



É possível estudar em uma faculdade particular em São Paulo com taxas zero ou com 50% de isenção. O único critério de seleção é o vestibular: passou, entrou. São cursos superiores, de licenciatura e bacharelado: História, Geografia, Ciências Econômicas, Ciências Sociais, Música, Serviço Social e Filosofia. Todos com ótima pontuação no ENADE e reconhecimento do MEC.
Pouca gente sabe da existência destes cursos, alguns tem mais de dez anos. Quem já se formou em um, garante: vale a pena. É o caso da estudante Fernanda Oliveira, de 29 anos. O bacharelado gratuito em História na Universidade Cruzeiro do Sul abriu as portas para um mestrado na USP. “Entrar na USP é difícil pra quem fez faculdade particular porque algumas não têm qualidade, mas meu curso era primeiro lugar no MEC quando eu me formei em 2009 e isso foi um diferencial.” Os bolsistas têm de se sair bem nos critérios de avaliação da instituição, o que aumenta tanto a motivação dos alunos, quanto a qualidade dos cursos. “Para manter a bolsa tem que ter frequência e atingir média oito, isso nos faz atentos para as atividades, nos empenhamos bastante.” Diz o estudante de Geografia da Unicsul, Bruno Ricardo, de 29 anos.

O mercado de trabalho costuma ver estudantes bolsistas com bons olhos. A coordenadora do curso gratuito de Geografia da Cruzeiro do Sul, Adriana Furlan, constatou os resultados: “Todos que estudaram aqui estão empregados ou concursados, são mestrandos ou professores universitários, é um investimento maravilhoso no ser humano”.

Alguns professores afirmam que há melhorias contínuas nos cursos. “Tentamos manter a qualidade acadêmica. É um desafio atender à demanda e manter o curso atualizado”, diz a coordenadora de História da Unicsul, Andréa Borelli. No curso de Filosofia da São Judas, o nível do corpo docente é alto. “Todos os professores possuem mestrado, a maior parte tem doutorado, e vários estudaram no exterior”, enfatiza o professor doutor, Floriano Jonas César.

Em média, mais de dois mil alunos já foram matriculados e formados nestas graduações. Segundo as universidades, o objetivo principal é a formação humana, mas há quem diga que algumas instituições optam pela gratuidade para obter redução fiscal. Uma coisa é certa, os benefícios são positivos para todos.

Pouca gente sabe da existência destes cursos, alguns tem mais de dez anos. Quem já se formou em um, garante: vale a pena. É o caso da estudante Fernanda Oliveira, de 29 anos. O bacharelado gratuito em História na Universidade Cruzeiro do Sul abriu as portas para um mestrado na USP. “Entrar na USP é difícil pra quem fez faculdade particular porque algumas não têm qualidade, mas meu curso era primeiro lugar no MEC quando eu me formei em 2009 e isso foi um diferencial.” Os bolsistas têm de se sair bem nos critérios de avaliação da instituição, o que aumenta tanto a motivação dos alunos, quanto a qualidade dos cursos. “Para manter a bolsa tem que ter frequência e atingir média oito, isso nos faz atentos para as atividades, nos empenhamos bastante.” Diz o estudante de Geografia da Unicsul, Bruno Ricardo, de 29 anos.

O mercado de trabalho costuma ver estudantes bolsistas com bons olhos. A coordenadora do curso gratuito de Geografia da Cruzeiro do Sul, Adriana Furlan, constatou os resultados: “Todos que estudaram aqui estão empregados ou concursados, são mestrandos ou professores universitários, é um investimento maravilhoso no ser humano”.

Alguns professores afirmam que há melhorias contínuas nos cursos. “Tentamos manter a qualidade acadêmica. É um desafio atender à demanda e manter o curso atualizado”, diz a coordenadora de História da Unicsul, Andréa Borelli. No curso de Filosofia da São Judas, o nível do corpo docente é alto. “Todos os professores possuem mestrado, a maior parte tem doutorado, e vários estudaram no exterior”, enfatiza o professor doutor, Floriano Jonas César.

Em média, mais de dois mil alunos já foram matriculados e formados nestas graduações. Segundo as universidades, o objetivo principal é a formação humana, mas há quem diga que algumas instituições optam pela gratuidade para obter redução fiscal. Uma coisa é certa, os benefícios são positivos para todos.






Sala de aula





Blogs maternos crescem na web

Troca de conselhos, dicas, experiências e receitas: tudo aquilo que as
mães de antigamente faziam pelo telefone, ou na porta da escola,
as mães de hoje fazem pela internet

Por Priscila Trevine


Blogs e sites com assuntos relacionados à maternidade, com o objetivo de tentar esclarecer dúvidas, bem como dar dicas e expor a vida e a troca de experiências, proliferam na web. O número exato de blogs e sites maternos é difícil de calcular, pois a cada dia surgem novas opções. Mas, em pesquisa realizada pelo portal “Comunique-se”, voltado para jornalistas, foi constatado que existem cerca de 600 blogs considerados de maior relevância, de acordo com a quantidade de acessos mensais. (o número de acessos necessários não foi revelado).Grupos maternos em redes sociais e blogs, de certa forma, substituem aquele bate papo entre pais e mães na porta da escola dos filhos, em praças e até mesmo no trabalho, locais onde antes se trocavam informações e experiências, e que vêm deixando de ser utilizados para este fim por conta da agitação da vida moderna.
Criado pela publicitária Fabiana Dezidério, o “Conversa de Mãe”, foi o primeiro Vlog do Brasil, em que os posts são feitos pequenos vídeos. “A proposta do vídeo é mostrar a nossa cara e ter uma conversa “olho no olho””, diz Fabiana.
Além de seu Vlog, Fabiana Dezidério também escreve para o “Crescendo com seu filho” (Fisher Price) e faz parte da equipe da Rede Mulher & Mãe, plataforma criada por Carolina Longo e seu pai Waltely Longo em 2005, que possui blog, TV e revista, com presença em mais de 155 maternidades espalhadas pelo País e que utiliza grupos em redes sociais como Facebook e Twitter para informar e aglutinar mães.


De um modo geral, os blogs maternos são utilizados como diários por mulheres que se sentem sozinhas e procuram pelo imediatismo da internet, uma vez que livros e revistas sobre o assunto são informações “de mão única”. O blog “Desconstruindo a mãe” da bióloga e mestre em educação pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Ingrid Strelow, reforça a ideia de blog “diário” e informativo. “Descobri que a troca de experiências, mais que um diário virtual, era um apoio emocional. Cada “blogueira” tem seu motivo. O meu é fazer um diário de bordo da minha vida como pessoa com muitas identidades: mãe, filha, mulher, estudante, trabalhadora”, explica.

Andrea Werner Bonoli, jornalista e gerente de conteúdo digital de uma empresa, autora do blogLagarta vira Pupa”, compartilha experiências vividas com seu filho Théo, portador de autismo, com o objetivo de informar e ajudar o maior número de pessoas possível. Andréa também divulga seu blog pelo Facebook e diz que seu crescimento deu-se pelo uso de redes sociais.  
Em sentido horário: Fabiana Dezidério e o filho Joaquim,
 Ingrid Strelow e os filhos Caio e Larissa, Gabriel Moraes
e Andréa Werner Bonoli com o filho Théo

Mas o que faz com que a blogosfera materna cresça tanto a cada dia? Segundo o psicólogo, pedagogo e psicopedagogo Mauricio Figueiredo, seres humanos tendem a buscar um “lugar para pertencer”, pois durante a vida sãoassumidos diferentes papéis sociais e ser mãe ou pai é um dos mais significativos. “Todo novo papel causa no ser humano uma sensação de incômodo, pois traz mudanças, e sempre que passamos por transformações necessitamos de referências. Por isso, acredito que a busca pelos blogs se dá no intuito das mulheres se apropriarem do papel de mães de forma socialmente adequada, ou seja, diminuindo riscos e ansiedades pertinentes às mudanças. Em grupo fortalecemos ideias, ideais e a nós mesmos”, diz Figueiredo.

Conciliar blog, família, trabalho e toda a rotina diária não é algo fácil. “Minha prioridade é estar em família, afinal de contas, se o blog fala de maternidade, ela tem de ser vivida, antes de mais nada”, diz Strelow. Já Dezidério, que possui a possibilidade de trabalhar home office, quando necessário, declara: “Conciliar trabalho e família é algo de um dia por vez”.

Entre a filantropia e a patologia



Além de funcionarem como diários, os blogs maternos e redes sociais também são utilizados para a realização de campanhas beneficentes, como nos conta Strelow “No caso de mães cujos filhos têm alguma deficiência, fazemos “blogagens” coletivas e cada “blogueira” visita a outra, aprende a respeito, divulga entre seus seguidores ou faz campanha (por exemplo, a Angi Simon conseguiu algo bárbaro, como doações de empresas conceituadas para arrecadar fundos para ajudar uma criança com mucoviscidose (ou fibrose cística – doença genética que afeta os aparelhos digestivo e respiratório e as glândulas sudoríparas, comprometendo o funcionamento das glândulas exócrinas que produzem substâncias (muco, suor ou enzimas pancreáticas) mais espessas e de difícil eliminação). Nós nos unimos”. 
Embora seja uma ferramenta poderosa, é necessário tomar cuidado com a internet, conforme adverte o psicólogo Mauricio Figueiredo: “Em muitos casos estes recursos (blogs e redes sociais) servem de apoio e reduzem a ansiedade, no entanto existe o risco de a pessoa desenvolver um processo de dependência destas ferramentas como única fonte de informação, o que pode, às vezes, trazer transtornos e se tornar uma patologia (vício), fazendo com que se chegue a quadros obsessivos e nestes casos, é necessário acompanhamento psiquiátrico e psicológico”.
 É indiscutível que a “blogosfera materna” mostra-se um nicho cada vez mais atrativo, não só para mamães e papais, mas também para empresas voltadas para este seguimento. Quem possuir interesse em criar um blog, pode fazê-lo utilizando portais gratuitos autoexplicativos, na internet. Além dos tipos de blogs já citados, há portais para compras (roupas, brinquedos), blogs e sites de brechós infantis, empréstimo de brinquedos, além de testes de produtos e muito mais.   “Pelo menos duas vezes por semana, alguém me manda mensagens via Facebook dizendo que viu o vídeo do Theo, no blog, e identificou autismo no filho, no sobrinho, no filho da babá, no filho da amiga. Isso tudo não tem preço. Há pouco tempo, encaminhei uma bebê de nove meses ao neuro do meu filho, porque a mãe me procurou via blog. Provavelmente, é a criança com sintomas de autismo mais nova a ser tratada no país”, conta Andréa.
  Mas quem pensa que blog sobre maternidade é exclusividade de mãe está enganado. Há blogs escritos por pais que também querem participar e expor o lado paterno em relação à família. Um exemplo é o blog “Enfim Grávidos”, do publicitário e membro do grupo de aleitamento materno Gabriel Moraes, que começou a escrever com o objetivo de compartilhar a gravidez da esposa com familiares que residem em outros Estados. “Inicialmente, comecei a escrever para a família, mas a coisa foi tomando uma proporção maior e meu blog, hoje, está virando um livro”, diz.