quarta-feira, 16 de maio de 2012

A regra é clara no swing paulistano

Depoimentos de quem conhece o universo da troca de
casais comprovam que tudo tem limite



Por Paula Soncela


Na definição do dicionário britânico Cambridge, swinger pode ser uma pessoa que age e se veste elegantemente ou alguém que deseja fazer sexo com várias pessoas constantemente. No cenário paulistano atual, o swing significa sexo grupal com elegância e discrição, porém é uma prática liberal permeada por regras e, por mais que soe contraditório, alguns tabus.

“Há muito respeito, mas, no fim das contas, é uma p... organizada”, afirma Elvis*, 34 anos, frequentador assíduo de uma das casas swingueiras de São Paulo. No conforto de seu roupão, ele diz que já visitou casas do Brasil inteiro e que, hoje em dia, com a internet, o swing está mais acessível àqueles que temem ser reconhecidos numa casa ou festa swinger. 

Apesar da maior facilidade, os encontros marcados virtualmente podem se transformar numa farsa. Segundo Ramón*, 31 anos, “pode-se passar dias conhecendo um casal na internet, combinar um encontro, chegar na hora e descobrir que é um homem, sem mulher, sem casal. Sem contar ainda que você pode sofrer um assalto ou algo pior”.

Dentro da maioria das casas, as regras são claras: toda e qualquer ação só é permitida com o consentimento do casal ou das pessoas envolvidas. “Se tem um casal se pegando e você quer interagir, tocar, tem que ir com as costas da mão, nunca a palma”, explica Elvis. Mesmo que o casal se mostre receptivo, jamais é permitido que o espectador, e possível participante do ato, pule etapas de aproximação.


Proprietário de uma das casas de São Paulo, Reinaldo diz que “No público tem vários tipos de pessoas. Às vezes, o cara chega de terno, todo arrumado e, de repente, o que ele mais quer é tirar a roupa e ficar pelado. A pessoa se transforma aqui, é como uma libertação”. Segundo ele, muitos frequentadores são mais velhos e vão ao clube apenas para interagir com outras pessoas da mesma tribo. 


Além disso, segundo Reinaldo, “À noite, vêm casais que conseguem resolver esse problema em casa. Tem outro tipo de gente que, de repente, é um rapaz saindo com alguma moça e vêm os dois juntos aqui. A grande maioria são casados que querem conhecer outros casados. Quem vem à tarde, normalmente, tá ‘dando um perdido’ (sic). O cara sai do trabalho, vem com a secretária dele aqui. Ou ele é casado, vem sozinho porque não pode sair à noite. Tem mulher sozinha também”. 

Para Reinaldo, que não é swinger, os fatores mais importantes para administrar o clube são o profissionalismo e sigilo. “É um negócio muito sério, a gente não pode comentar nada. Aqui no bairro, eu só cumprimento a pessoa se ele me cumprimentar. Porque, às vezes, ele veio pra cá mas ninguém sabia que ele tava aqui. É como, mais ou menos, um Alcoólicos Anônimos. O que acontece aqui fica entre nós e acabou”, define o proprietário.

Homens VS Mulheres. Apesar do homem sozinho pagar muito mais caro para entrar nas casas, eles são em maior número em grande parte dos clubes. Já mulheres sozinhas, muitas vezes, chegam a ter entrada gratuita e, ainda assim, são minoria. “Elas (mulheres sozinhas) também vão, mas são pessoas bem específicas em relação ao seu gosto sexual. Muitas mulheres vão para satisfazer a fantasia do parceiro”, afirma o médico sexólogo Theo Lerner.
 
Ainda segundo Lerner “A mulher depende de contexto. Ela deve ter uns 400 óvulos pra vida inteira. Cada óvulo é precioso e gera preocupação se for fecundado. São, pelo menos, cinco anos de compromisso. Então, a mulher avalia muito mais as condições para se excitar por todo o resto. Já o homem tem 300 milhões de gametas a cada três dias. Tem material genético pra jogar fora. A cada oportunidade visual, ele já tem uma resposta mais rápida. Ele olha, ele pode.”

Além do fator biológico, o homem tem mais permissão da sociedade para expor suas fantasias e praticá-las. “Estamos inseridos numa sociedade em que prevalece o amor romântico, fidelidade, vinculação do sexo ao amor e ao compromisso. Todas essas fundações estão presentes na nossa sociedade e, de uma maneira muito mais forte, no universo feminino, ainda que a liberação feminina venha acontecendo”, diz o sexólogo.

 Mesmo levando em conta as regras, contratos e tabus de um universo, supostamente, libertário e libertino, Lerner conclui que “O questionamento das formas de poder e organização social por meio da relação sexual sempre pega, sempre funciona”.

*Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos entrevistados



2 comentários:

  1. hahaha matéria divertida Paula! Aprendi bastante e curti o que o sexólogo comentou sobre HomemXMulher, faz muito sentido!
    Bjs
    Leandro

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  2. Qual a casa de swing mais cara e badalada de São Paulo?

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