quinta-feira, 31 de maio de 2012

Os profissionais das cores


Os segredos das paletas de publicitários que também se dedicam à pintura, ao cartoon e aos quadrinhos

 
Por Julia Santilli

Acostumados a receber diariamente uma enxurrada de informações pelas mais diferentes vias, os cidadãos modernos raramente se dão conta do papel que cores desempenham nos processos de comunicação. Para os profissionais da publicidade e das artes plásticas, elas são ferramentas estratégicas.  “As cores são fundamentais para quem trabalha com comunicação visual, elas dão vida ao trabalho”,  afirma Higor Liberali, cartunista e ilustrador desde os 12 anos.  Hoje se sabe que as cores podem influenciar até mesmo o estado de espírito de uma pessoa.

Paulo Argollo, redator publicitário, observa que as cores estão presentes em todos os gêneros e manifestações artísticas. “Acredito que o artista em geral faz uso das cores de inúmeras maneiras. Seja pintando uma tela como O Grito, do Edvard Munch, seja colocando-a em uma letra de música, como fez Toquinho na bela canção Aquarela, ou mesmo no cinema, como é o caso do longa O Troco, todo filmado com filtros azuis”. ”Além disso”, diz Paulo, “as cores estão em anúncios publicitários e em logomarcas, como a da Coca-Cola, que abusa do vermelho pra dar mais sede. A frase “Uma Imagem vale mais do que mil palavras.” só se faz verdadeira porque existem as cores”, completa o publicitário.  

Higor Liberali, que começou com as HQ’s (Histórias em Quadrinhos) de Super Heróis e depois partiu para outros estilos como a charge, tirinhas e caricaturas, diz ter preferências por tons mais escuros. “Estou colorindo meus desenhos a pouco mais de um ano, sempre gostei de trabalhar com o preto e tons de cinza (Nanquim e Grafite). Hoje elas (as cores) fazem parte da maioria dos meus trabalhos. Nós, humanos, somos privilegiados por poder distinguir cores. Acho que por isso estou colorindo”, diz o artista, que confessa ter ainda “grande amor” pelo preto e tons de cinza e, claro, pelo chamado estilo "Noir".


Arte X Publicidade
Tanto para Higor quanto para Paulo, na publicidade as cores são usadas de forma racional. “Em trabalhos publicitários sigo a Psicologia das Cores (veja o box). Agora, quando vou pintar um trabalho meu, fico livre na escolha de cores. Uma vez ou outra já tenho seu uso pré-determinado em minha mente, por exemplo: se criei um personagem que sei que vai ser verde. Mas acaba sendo muito mais instintivo. Não penso nisso. Simplesmente a cor pinta na mente”, explica Higor.

Fonte: www.hldesenhos.blogspot.com

“Na publicidade, uso as cores de forma racional, milimetricamente pensada. É o vermelho que deixa o espectador em estado de alerta, junto com o amarelo que é uma cor que “grita” para fazer um anúncio do tipo “varejo”, mega promoção por tempo limitado e etc. Já nas artes, sempre fui muito intuitivo e visceral. Sempre usei as cores sem pensar. Olhando para os quadros que já pintei, hoje consigo dizer se, naquele tempo, estava numa fase tranquila, conturbada, feliz, angustiado...”, explica Paulo.

Criatividade
As cores do ambiente de trabalho também influenciam no processo criativo. “Não vejo como trabalhar em um ambiente sem cores, acredito que as cores são fonte de criatividade. Eu mesmo gosto de trabalhar de frente para uma janela, a natureza tem as cores mais lindas.”, afirma Higor. Já Paulo não dispõe da mesma sorte. “Infelizmente, meu ambiente de trabalho não conta com cores que agucem a criatividade como um laranja ou amarelo. Trabalho numa sala de paredes brancas, na pior das hipóteses, ajuda a dar sono nas manhãs de tédio. Em compensação, a logo da agência onde trabalho é amarela. Porque remete justamente à criatividade e à inovação.”


A Psicologia das Cores
AZUL: Possui grande poder de atração; é neutralizante nas inquietações do ser humano; acalma o indivíduo e seu sistema circulatório. Indicado em anúncios que caracterizem o frio.
ROXO: Acalma o sistema nervoso. Deve ser utilizado em anúncios de artigos religiosos, em viaturas, acessórios funerários etc. Para dar a essa cor maior sensação de calor, deve-se acrescentar vermelho; de luminosidade, o amarelo; de calor, o laranja; de frio, o azul; de arejado, o verde.
PÚRPURA E OURO: Cores representativas do valor e dignidade. Devem ser aplicadas em anúncios de artigos de luxo.
MARROM: Esconde muito a qualidade e o valor. Pouco recomendável em publicidade.
VIOLETA: Entristece o ser humano, não sendo, portanto, muito bem visto na criação publicitária.
CINZA: Indica discrição. Para atitudes neutras e diplomáticas é muito utilizado em publicidade.
PRETO: Deve ser evitado o excesso em publicações a cores, pois tende a gerar frustração. Porém, quando aliado ao prateado ou dourado, remete a luxo e requinte.
AZUL E BRANCO: Estimulante, predispõe à simpatia; oferece uma sensação de paz para produtos e serviços que precisam demonstrar sua segurança e estabilidade.
AZUL E VERMELHO: Estimulante da espiritualidade; combinação delicada e de maior eficácia na publicidade.
AZUL E PRETO: Sensação de antipatia; deixa o indivíduo preocupado; desvaloriza completamente a mensagem publicitária e é contraproducente.
VERMELHO E VERDE: Estimulante, mas de pouca eficácia publicitária. Geralmente se usa essa combinação para publicidade rural.
VERMELHO E AMARELO: Estimulante e eficaz em publicidade. Por outro lado as pesquisas indicam que pode causar opressão em certas pessoas, e insatisfação em outras.
AMARELO E VERDE: Produz atitude passiva em muitas pessoas, sendo ineficaz em publicidade. Poderá resultar eficaz se houver mais detalhes coloridos na peça.

Fontes:
Higor Liberali é design publicitário, cartunista e professor de desenho.
Paulo Argollo é redator publicitário da Brambilla Comunicação.


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